Litros de roupa - Algodoeiro

O algodão orgânico não é solução…

“Se pudesse espremer todo o vestuário que tem na gaveta, quantos litros de água conseguiria extrair? Se pudesse transformar em CO2 todo o vestuário que amontoou no roupeiro, qual seria a emissão de dióxido de carbono?”

É desta forma que começa a reportagem “Litros de roupa“, da jornalista Mafalda Gameiro, emitida no Linha da Frente.

Linha da Frente | Litros de roupa

Nunca fui consumista e, por isso, não tenho muita roupa mas, ainda assim, os factos relatados nesta reportagem deixaram-me perturbada.

A indústria têxtil utiliza diversos tipos de matéria-prima a fim de oferecer, ao mercado e às empresas de confecção, as mais diferentes soluções em fibras.

  • Origem natural
    • Fonte animal
      • Seda
    • Fonte vegetal
      • Linho
      • Rami
      • Algodão
  • Origem química
    • Artificiais
      • Acetato
      • Viscose
    • Sintéticas
      • Poliéster
      • Náilon (poliamida)
      • Acrílico
      • Lycra (elastano)

Claro que já sabia que a produção de fibras sintéticas origina altos índices de poluição do ar mas, confesso que me surpreendi por saber que o cultivo de algodão está a comprometer a sustentabilidade do planeta.

Esta fibra natural é a mais utilizada na indústria têxtil, por isso, quanto maior for o consumo de roupa mais área de cultivo é necessária. Ora, a terra que serve para o algodão não está a servir para a agricultura de consumo, com a agravante de que esta planta precisa de muito mais água para crescer do que a maioria das frutas ou vegetais. Além disso, o algodão é muito propenso a pragas que os agricultores tentam evitar aplicando herbicidas, que contêm químicos como o manganês, o flúor e o triazól, que contaminam os lençóis freáticos.

Os chamados corners orgânicos estão a invadir as cadeias de lojas de roupa mas esta parece não ser a solução pois, para se produzir a mesma quantidade de algodão orgânico do que o convencional é necessária mais terra, porque o algodão orgânico cresce sem aditivos sintéticos ou pesticidas e, quanto mais terra, mais água é necessária para irrigar a plantação.

Além disso, o algodão orgânico é o que provém de sementes da genética clássica mas, provavelmente, a quantidade existente não está dar resposta às necessidades do mercado. Assim, há quem defenda que uma grande quantidade do, erradamente, chamado algodão orgânico está a ser produzida a partir sementes geneticamente modificadas para serem mais resistentes às pragas e doenças.

Aquilo que vestimos é um sorvedor de recursos naturais e um emissor de gás poluente que está a pôr em causa a sustentabilidade do planeta, por isso, temos que pensar seriamente em mudar os nossos hábitos de consumo. Eis algumas sugestões:

  • comprar roupa de boa qualidade para durar mais tempo;
  • fazer pequenos arranjos em vez de substituir a roupa de imediato;
  • recorrer à costureira para confecionar peças com tecidos que aproveitou de outras roupas;
  • comprar roupa em segunda mão.

Quanto a mim acho que vou começar a explorar o mercado de roupa em segunda mão.

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