Ensino à distância: começar com um kit de sobrevivência
A suspensão das atividades presenciais em todos os estabelecimentos de ensino, como medida de contenção da propagação da Covid-19, dura há uma semana. Desde que foi decretada, muito se tem falado e escrito sobre ensino à distância. A quantidade de informação que tem circulado na Internet sobre este assunto, é de tal forma elevada que até eu, Professora de Informática e Formadora de Tecnologia para a Educação, me sinto atordoada. Pensei, por isso, ser adequado construir um kit de sobrevivência para os menos experientes.
Trabalhar com as aplicações certas
Tal como acontece no ensino presencial, no ensino à distância, a tecnologia tem que ser um meio e não um fim. Quero com isto dizer que a sua utilização requer planeamento e adequação ao objetivo que o professor pretende atingir: enviar ou receber documentos, promover o trabalho colaborativo entre os alunos, realizar avaliação formativa e fornecer feedback sobre a mesma, entre outros.
Uma seleção cuidada das aplicações informáticas com que vamos trabalhar permite-nos também poupar tempo na recolha das tarefas realizadas pelos alunos e na devolução da informação sobre as aprendizagens adquiridas. Muitos colegas utilizam o email para tudo. Não tenho nada contra mas, na maior parte dos casos, não é a ferramenta mais eficiente. Por exemplo, um professor de Línguas Estrangeiras, que pretenda realizar a avaliação oral dos seus alunos, pode pedir-lhes para gravarem um vídeo ou um áudio no telemóvel e enviá-lo para o seu email. Contudo, esta solução pode acarretar vários problemas, cuja resolução vai ocupar tempo que o professor poderia estar a utilizar para realização de outras tarefas:
- o ficheiro é muito grande e não pode seguir como anexo;
- o vídeo foi gravado num formato que o professor não consegue abrir;
- o ficheiro tem um nome genérico e o professor terá que renomeá-lo quando faz o seu download para saber a que aluno pertence;
- entre outros.
Nesta situação, a substituição do envio por email pela cópia para uma pasta partilhada no OneDrive, GoogleDrive, etc, reduz alguns dos problemas que podem surgir, mas é possível ir ainda mais longe e utilizar, por exemplo, o FlipGrid.
Pedras na engrenagem
Em suma, a aplicação certa para certa tarefa torna o nosso trabalho mais produtivo. No entanto, muitos professores dirão que não têm conhecimentos suficientes para fazer a escolha mais acertada e precisam de formação. No meu entender, o problema não é a falta de formação mas a falta de equipamentos e, sobretudo, a falta de uma rede Internet confiável. Os docentes não conseguem transferir, para a sua sala de aula, as aprendizagens adquiridas nas ações de formação que frequentaram, acabando por esquecer a forma como se aplicam.
O kit de sobrevivência para o ensino à distância
Uma vez que não há nenhuma garantia de que possamos regressar à escola, no dia 13 de abril, é imperativo começar com o ensino à distância. Assim, deixo um kit de sobrevivência com as aplicações que considero essenciais para começar a trabalhar:
- Repositório com documentos do professor e trabalhos dos alunos: Pasta partilhada num Serviço de Nuvem (OneDrive ou GoogleDrive) ou conta numa plataforma LMS – Learning Management System (Moodle da sua escola ou Schoology – 3.º ciclo e secundário; Edmodo – 2.º e 3.º ciclo; ClassDojo – 1.º ciclo). Se a escola tiver o Microsoft Teams ou o Google Classroom ativados e endereços de email institucionais para os alunos, essas são as melhores opções, qualquer que seja o nível de ensino.
- Plataforma para videoconferência (se necessário): Webex ou Zoom. Se a escola tiver o Microsoft Teams ou Google Classroom ativados, essas são as melhores opções porque permitem juntar as funcionalidades do pontos 1 e 2.
- Caderno diário digital: OneNote online. Se a escola tiver o Microsoft Teams ativado, esta é a melhor opção porque permite criar e gerir cadernos OneNote dentro da mesma. Assim junta os pontos 1, 2 e 3 na mesma aplicação.
- Questionários para avaliação formativa ou sumativa: Socrative
- Construção de portfólios digitais ou trabalho colaborativo: Padlet
- Gravação vídeos e feedback por parte do professor: Flipgrid
- Tempestade de ideias e votação das mesmas: Tricider
- Autoavaliação: Microsoft Forms ou Google Forms